25 de agosto de 2008

(...) Chegando em casa não comcei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter.
Horas depois abri-lo, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.
- Como demorei!
Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

(Trecho de Felicidade Clandestina - Clarice Lispector).


É..como demorei!
se é que me entendem!
(...)

1 comentário:

Unknown disse...

sim day, eu te emtendo minha querida.